Mesmo ocupando uma posição de destaque na economia do país e estando entre os mais bem sucedidos do mundo, o agronegócio brasileiro enfrenta diariamente uma série de desafios. A logística de produtos agrícolas exige grandes esforços no Brasil – e deve levar em conta algumas particularidades, sobretudo a nível de armazenagem, perecibilidade e transporte, com características que não são realidade para outros países produtores.
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Brasil é o terceiro maior exportador agrícola do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e dos países europeus somados. Sendo assim, diante da previsão de aumento da população global até 2050, ele ocupa um importantíssimo papel na tarefa de alimentar a todos e eliminar a fome.
No entanto, embora esteja em expansão no país, para continuar crescendo e sendo o motor da nossa economia, o setor precisa superar alguns obstáculos que dificultam a nossa logística de produtos agrícolas. Entre os principais fatores da complexidade desse mercado, estão os grandes volumes produzidos, as longas distâncias percorridas, os altos custos de transporte e as exigências fiscais e jurídicas.
Em função disso, os empreendedores rurais devem desenvolver uma gestão focada em identificar e sanar problemas ao longo da cadeia considerando alguns cuidados essenciais para otimizar a logística de produtos agrícolas. Abaixo, listamos os pontos que exigem mais atenção dos produtores brasileiros.
1. Reduzir os índices de perdas
Infelizmente, os percentuais de safra perdida durante os processos de armazenagem e transporte no Brasil são bastante altos. Lidar com alimentos requer uma preocupação especial em relação à perecibilidade, ou seja, ao prazo de validade dos produtos.
Evitar os desperdícios e reduzir as perdas que trazem prejuízos é um dos desafios do setor. O gestor agrícola não pode descuidar no manuseio e na estocagem da sua produção. O tempo de viagem e os possíveis imprevistos que podem ocorrer no caminho também precisam ser levados em consideração.
2. Armazenar de forma adequada
A forma e o local de armazenagem influenciam diretamente na qualidade e na preservação dos alimentos. Para conservar a produção da melhor maneira possível e gerenciar a sua perecibilidade, é necessário investir em um lugar com as condições e a localização adequadas.
As condições do galpão garantem que a integridade dos produtos não seja danificada. Por outro lado, a localização das instalações também é importante na logística de produtos agrícolas, pois pode definir as oportunidades do negócio. Por isso, mesmo que represente um investimento elevado, vale a pena adquirir ou alugar um local bem localizado.
3. Manter o controle de cada detalhe
Para que a produção seja satisfatória, os alimentos não estraguem e a entrega seja realizada de acordo com o prazo, garantindo a possibilidade de comercialização e consumo, é fundamental que o gestor tenha controle de tudo que acontece dentro e fora da propriedade.
Saber o que acontece desde o plantio até a última etapa da cadeia é obrigação de quem gerencia a logística do empreendimento agrícola. Não é à toa, portanto, que se fala, por exemplo, de “controle de fluxo de mercadorias”, “controle do consumo de combustível do maquinário” ou de “controle de estoque e distribuição”. Trata-se de tarefas indispensáveis para que tudo corra como o esperado.
Contudo, controlar cada detalhe da operação e saber exatamente o que está acontecendo só é possível quando se tem acesso às informações. Os sistemas e as plataformas digitais facilitaram muito o registro e o acesso a esses dados, contribuindo significativamente nesse sentido. Esse é um dos motivos pelos quais considera-se que a tecnologia desempenha um importante papel na evolução da agricultura.
4. Ter um planejamento estratégico
Entretanto, de nada vale ter acesso às informações sobre o negócio, se elas não forem utilizadas da forma correta. Esses dados devem, portanto, servir de base para que o empreendedor crie uma logística de produtos agrícolas estratégica e eficiente.
O planejamento de um negócio desse tipo deve levar em conta a categoria de produto em questão e as suas características, assim como fatores como a sazonalidade. Além disso, ele precisa envolver todas as etapas do processo – desde a produção, passando pela armazenagem e o transporte até a entrega ao destino final.
5. Considerar o impacto do valor do transporte
Mesmo quando não são destinados à exportação, os produtos agrícolas percorrem grandes distâncias dentro do território nacional. A maior parte da produção está no interior do país e precisa ser escoada para outros lugares. Como sabemos, longas viagem significam altos custos de frete, principalmente no Brasil, onde há uma enorme dependência do modal rodoviário e constante variação do preço do combustível.
Sendo assim, as despesas com o transporte da produção representam uma boa fatia dos custos gerais da logística de produtos agrícolas. Mais do que em outros mercados, o valor do frete gera grande impacto sobre a lucratividade dos produtores rurais. De acordo com um estudo do Esalq/LOG, os gastos com transporte e armazenagem representam a maior despesa do setor no país.
Para evitar que esses custos prejudiquem o negócio, o impacto do transporte deve ser precisamente calculado e avaliado para que seja feito o repasse desse valor na venda da produção.
6. Reduzir custos operacionais
Além de ter os cálculos na ponta do lápis e fazer o repasse desse gasto, uma boa logística de produtos agrícolas deve estar sempre focada em reduzir custos. As elevadas despesas de transporte, assim como a imprevisibilidade do mercado quanto ao preço das commodities exigem um planejamento financeiro rigoroso.
Garantir o máximo aproveitamento de cada alimento e considerar a sazonalidade, evitando a ociosidade de equipamentos e espaços que representa um alto custo, são alguns dos pontos sobre os quais falamos aqui e que também influenciam no bolso do empreendedor.
Para superar os desafios e tomar todos os cuidados necessários para ter uma logística de produtos agrícolas que funcione, é preciso combinar tecnologias e planejamento para otimizar a utilização dos recursos ao longo da cadeia. Dessa forma, é possível aumentar a competitividade e continuar crescendo.