Nos últimos anos, o etanol vem ganhando cada vez mais espaço na produção sucroenergética brasileira. Enquanto as previsões sinalizam uma escassez de petróleo em um futuro não muito distante, a projeção de demanda do etanol se torna mais promissora. Desse modo, desenha-se um cenário muito otimista para o mercado do biocombustível brasileiro.
O uso do etanol tem vantagens em diferentes aspectos. Um de seus grandes benefícios reside no fato de se tratar de um combustível renovável, limpo e autossustentável. De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA), a utilização do etanol produzido através da cana-de-açúcar reduz em média 89% a emissão de gases de efeito estufa.
Produção brasileira vem se estabilizando nos últimos anos
O Brasil é hoje um dos grandes produtores mundiais desse biocombustível. Sendo assim, com a projeção de demanda do etanol se concretizando nos próximos anos, o setor será fortemente beneficiado no país.
Na safra de 2018/2019, tivemos um recorde na produção brasileira, totalizando 33,1 bilhões de litros de etanol produzidos. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a fabricação do álcool foi 21,7% maior na comparação com 2017/18.
Na safra deste ano, as previsões da companhia mostram que deve haver uma pequena redução nesses números. O Brasil deve produzir 31,6 bilhões de etanol na safra de 2019/2020. No entanto, essa diminuição não desanima o setor, pois a projeção de demanda do etanol indica que o biocombustível deve ser cada vez mais valorizado nos próximos tempos.
Muitas usinas de cana brasileiras ainda destinam uma considerável parte da sua produção à venda de açúcar no mercado interno. Em muitos casos, isso é mais vantajoso do que produzir etanol para o mercado externo. A postura se deve ao fato de que o mercado internacional do etanol combustível ainda é incipiente e pouco desenvolvido. Além disso, enfrenta também alguns desafios – segurança, falta de infraestrutura, barreiras políticas e comerciais protecionistas em determinadas regiões.
Projeção de demanda de etanol revela futuro promissor
No entanto, o aumento acelerado da demanda de gasolina e as oscilações do preço do petróleo podem ajudar a mudar esse cenário e melhorar o fluxo do comércio internacional do etanol e as suas perspectivas no mercado de combustíveis.
O mundo consome hoje mais de 20 milhões de barris de gasolina por dia, utilizados sobretudo como combustível para veículos leves. O National Energy Information Center (NEIC) projeta um aumento da demanda mundial de gasolina de 48% no período entre 2005 e 2025. O cenário pode variar 5% para mais ou para menos, dependendo da adoção de novas tecnologias.
De qualquer modo, de acordo com o centro, a expectativa de aumento da demanda de combustíveis para veículos leve é significativamente maior do que para outros derivados de petróleo. Se a previsão se confirmar, teremos uma demanda de 1,7 trilhão de litros de combustíveis para essa utilização em 2025.
À procura de substituto para gasolina
Os principais consumidores de gasolina – Estados Unidos, Japão e União Europeia, assim como os países que apresentam um rápido crescimento no consumo desse combustível, estão buscando alternativas para substituir pelo menos parcialmente a gasolina.
Com o aumento da demanda de combustíveis, as previsões de escassez do petróleo e a necessidade de redução de impacto ambiental, a projeção de demanda de etanol se torna cada vez mais otimista. Isso porque vários fatores colocam o biocombustível como o mais adequado substituto da gasolina.
Assim sendo, muitos países já possuem Incentivos à produção e ao consumo interno de etanol. Além disso, acordos internacionais para estimular o uso desse combustível renovável vêm sendo firmados e reforçam o aumento da projeção de demanda do etanol.
Ampliação da produção de etanol pode ser projeto nacional
Alguns episódios recentes, como os ataques a instalações na Arábia Saudita, provocaram um salto no preço do petróleo e se tornaram mais um fator de sustentação para o cenário do etanol no Brasil.
Por aqui, se a escalada dos preços levarem a um avanço nos valores da gasolina, a grande vantagem do custo do etanol sobre o combustível fóssil nas bombas seria mantida e talvez até ampliada, sustentando a forte demanda e melhorando as margens de lucro das usinas.
Outro fator que corrobora para melhorar a competitividade do etanol é a grande disponibilidade de terras aptas para o cultivo da cana no país. E para isso não seria necessário avançar sobre os principais biomas naturais remanescentes, mas, sim, recuperar áreas de pasto degradadas.
Além disso, também conta a favor do etanol a já elevada produtividade por unidade de área da cana-de-açúcar em termos de energia de biomassa. Com a utilização de novas tecnologias, será possível melhorar ainda mais com o incremento do aproveitamento energético do bagaço e da palha.
Diante desse cenário e da positiva projeção de demanda de etanol, as usinas terão fortes motivos para fortalecer a produção de etanol ante a de açúcar nas próximas temporadas. Portanto, estimular a expansão da produção de bioetanol seria uma grande oportunidade de desenvolvimento para o Brasil.